Por Letícia Simões, no jornal O Tempo, 16/10/2014
O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) terá a primeira fábrica de reciclagem de veículos da América Latina. A instituição assinou em Kanazawa, no Japão, um Termo de Projeto (TEP) para a construção da fábrica piloto, que será erguida no Campus II da entidade, no bairro Nova Gameleira, na região Oeste da capital. A assinatura do TEP foi feita no último dia 3 e prevê investimentos de US$ 1 milhão pelos japoneses.
De acordo com o Cefet-MG, os ganhos ambientais e econômicos com a iniciativa serão bastante relevantes, já que a fábrica será capaz de aproveitar mais de 95% dos veículos que serão reciclados. A redução de energia na produção de aço a partir de sucata ferrosa de carros inservíveis será de 56% em relação à fabricação do metal a partir do minério de ferro.
O empreendimento também vai enriquecer o currículo de professores e alunos do centro tecnológico. Segundo o diretor geral, Márcio Silva Basílio, quando a unidade piloto de reciclagem estiver ativa, todos os cursos com base tecnológica – nas áreas de química e de eletrônica, por exemplo – vão se beneficiar da estrutura.
“A fábrica vai permitir a descoberta de novas utilidades para todos os componentes do veículo. Ela vai envolver alunos dos cursos técnicos e da graduação, e pode motivar teses de mestrado e doutorado”. Basílio ressaltou ainda que o projeto vai viabilizar treinamentos para alunos, professores, engenheiros e técnicos do Cefet-MG no Centro Internacional de Treinamento, que ainda vai ser criado.
Entenda. O TEP envolve a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), órgão do governo japonês, e a empresa Kaiho Sangyo, líder no país oriental na reciclagem de veículos em fim de vida útil, segundo o Cefet-MG. O recurso a ser investido pelos japoneses será usado na criação da fábrica de reciclagem de veículos, inclusive na planta e na compra de equipamentos.
Já o governo brasileiro vai investir recursos – cujo valor não foi revelado pelo Cefet-MG – na preparação de professores, a ser feita na fábrica da Kaiho Sangyo, no Japão; e no Centro Internacional de Treinamento.
Basílio afirma que os primeiros veículos a serem destinados para a reciclagem serão os sinistrados, doados por seguradoras, e os inservíveis, entregues por empresas siderúrgicas. O diretor destaca que os acordos para essa doação serão estruturados na segunda fase do projeto, até dezembro.
A fase seguinte será a criação de empresas para vender os componentes gerados na reciclagem.
Nota: Ainda sobre este tema, vale lembrar que o Projeto de Lei 1862/2011 da Câmara dos Deputados que pretendia alterar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010), inserindo os veículos automotores e seus componentes na logística reversa, encontra-se parado desde 2013.
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